Breves considerações sobre o feminismo
O dia internacional da mulher não é o dia internacional feminista.
Por mais que se queria associar a luta da mulher trabalhadora a luta feminista, essa tentativa não passa de uma estratégia de diminuir e boicotar a luta pela emancipação dos trabalhadores, homens mulheres e crianças.
A luta da mulher trabalhadora não é e nem pode ser confundida com a ideologia feminista que pretende uma igualdade em conformidade com a ideologia dominante, a saber, conforme o arcabouço ideológico burguês e sob a égide do direito burguês.
Para ilustrar essa aberração, vejamos quais são, na realidade, as demandas do trabalhador.
Alega-se que a mulher trabalhadora recebe um salário inferior ao do homem trabalhador não só quando ocupam funções análogas como em geral. Essa afirmação está longe de refletir as reais condições sob as quais o trabalhador é obrigado a vender sua força de trabalho. Apegar-se a essa aparente mazela social coloca toda a massa de trabalhadores, ocupados e desocupados, como corresponsáveis pela situação que se encontram.
Mesmo que essa não seja a intenção do feminismo, é esse o resultado obtido.
Mas o que o trabalhador faz? Ele trabalha. E por que ele trabalha? Em geral para sobreviver e suprir suas necessidades e as dos que estão sob sua responsabilidade. E quais condições esse trabalhador encontra ao se voltar para a anarquia imposta pelos donos dos meios de produção, que escolhem a dedo no meio das massas aqueles dispostos, uma vez largados as condições mais desumanas que se possa imaginar, a receberem menos que seu concorrente que busca a mesma vaga? As piores possíveis.
E por que a trabalhadora especificamente recebe salário menor? Essa pergunta não pode ser respondida com um mero: ela é mulher. Nem mesmo é uma pergunta razoável.
A pergunta que qualquer pessoa preocupada com as condições de trabalho de homens e mulheres deve fazer é: Por que há uma concorrência entre trabalhadores que resulta, de um lado, em salários menores e de outro, em trabalhadores na sarjeta, desocupados?
Qual o resultado da busca pela igualdade? O resultado é uma intensificação da concorrência entre trabalhadores masculinos e femininos por salários mais baixos.
E na impossibilidade de diminuírem os salários o resultado é um aumento significativo de desocupados.
Em relação aos desocupados, os ocupados recebem sempre mais.
Toda a regra estabelecida dentro do arcabouço ideológico burguês serve apenas e tão somente para garantir a máxima exploração do trabalho afim de atingir o máximo lucro possível.
Isso é feito ou pela exposição do trabalhador as mais nefastas e brutais condições de trabalho ou pelo incessante desenvolvimento tecnológico. E como é possível esse incessante desenvolvimento tecnológico? Ele só é possível pois a burguesia impôs regras para si. E quais são essas regras? As regras dimensionadas pela democracia burguesa.
Vejamos mais de perto. Se há uma lei que obriga o empregador a pagar salários mínimos ou iguais para homens e mulheres e isso atinge um limite natural o que faz o capitalista? Ele retira do capital variável (força de trabalho) e coloca em capital constante (meios de produção mais modernos, eficazes e autônomos)
Qual é então o resultado da busca por igualdade que o feminismo alega ser responsável? O aumento brutal do desemprego e a transformação também brutal das funções que agora o trabalhador será submetido.
E porque o feminismo alega? Ele alega por que não faz nada além de sustentar as bases ideológicas da burguesia. Ele não é responsável, ele é apenas vetor da ideologia, sua função é capturar a trabalhadora e castrá-la impedindo-a que tome forma e se revolte contra o seu algoz.
O aparente protagonismo é rapidamente descoberto e o verdadeiro mentor e executor colocado à luz.
O burguês dirá que é impossível igualar salários que não há como ir contra a natureza das coisas, até ser obrigado, e ele o fará ele igualará. O resultado será para o burguês a intensificação de seus lucros e para o trabalhador a intensificação de suas mazelas.
Ao trabalhador só resta apenas uma única saída, tomar para si o comando de sua vida. Isso só é possível invertendo os polos, eliminando aquilo que o força a aceitar as mais baixas determinações legais impostas pela burguesia. Só um direito popular forjado pela vontade do povo é capaz de estabelecer uma igualdade entre os trabalhadores.
A burguesia ignora credos, gêneros, etnias etc. O feminismo é apenas acessório ideológico burguês.
Nunca é tarde para dizer, paz entre nós, guerra aos senhores.
Texto por Lucas Weber Abramo.